Despolítica.

Citada a palavra política, lembramos dos grandes fatos de nosso país. Lembramos do impeachment, das primeiras eleições diretas, das passeatas pelo brasil, mas essa relação de lembranças estão mudando. Ter 20 anos num país com algumas grandes relações históricas, com o maior presidente de esquerda do país e numa geração onde a informação é tão simples, deveriam ser mistos que fariam uma sociedade mais politizada. Esse processo estranho é motivo de uma longa história de desapego e desinteresse da sociedade, e além disso, parece ser um envelhecimento das vanguardas políticas. O grande celeiro político do Brasil, aconteceu a partir de 1964 na época da ditadura militar. Se você tiver um ouvido apurado, irá reparar que todos os grandes ícones políticos são aqueles que falam sobre ditadura militar, que sofreram, que foram torturados e etc. Até o fim da ditadura, tivemos grandes quadros que puderam alimentar nosso país até hoje, mas e agora? Onde estão os novos? Renovação? Nada disso existe! Num segundo momento houveram outras aparições tímidas. Ocorreu no impeachment, mas que na verdade não passavam de poucos líderes e um grande rebanho, caracterizado até hoje como o movimento estudantil. Isso tudo prejudica a politização do país, não é possível que os partidos políticos que deveriam fazer o papel de construção política, esqueçam sua principal meta que é a mudança da sociedade.Outra relação que poderia ser o motivo de tanto desapego, seria o refluxo do movimento, pois todos esses líderes históricos continuam a se perpetuar no poder, seja através do próprio corpo, ou através de sua família. Isso contribui para o fechamento de espaço para a sociedade que deveria estar no poder. Não há espaço político para o povo, não há espaço para a renovação, porque não existe relação de diálogo político e sim de governo político. Não se tem como chegar no poder, se não se tem poder. Em toda história de opressor e oprimido, o oprimo chega um dia no poder e se transforma em opressor. A relação travada na política hoje é de quem está no poder, é inimigo.Associações de moradores, grêmios, sindicatos, coletivos, ong's, movimentos, organizações e tudo aquilo que possa se tornar uma máquina política, é sugada pelos detentores de poder. A associação de moradores não é mais dos moradores, os grêmios estudantis não são mais dos estudantes secundaristas, a une não é mais dos estudantes e os governos não são mais do povo. A questão é! Despolitizar ou renovar?
Romario Regis
Coord. Jovem Gonçalense

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